quinta-feira, maio 20, 2010

"Na Crítica da Razão Pura, Immanuel Kant observou que o homem não tem acesso ao real em si, à realidade ontológica das coisas, mas apenas a representações do real. Nós não compreendemos a natureza dos objectos em si mesmos, apenas o modo como os percebemos, modo esse que nos é peculiar. Por exemplo, um homem percepciona o mundo de uma maneira diferente dos morcegos. Os homens captam imagens, os morcegos registam ecos de sonar. Os  homens vêem cores, os cães olham a preto e branco. Os homens captam imagens, as cobras sentem temperaturas. Nenhuma forma é mais verdadeira do que a outra. São todas diferentes. Nenhuma capta o real em si e todas apreendem diferentes representações do real. Se quisermos retomar a célebre alegoria de Platão, o que Immanuel Kant vem dizer é que estamos todos numa caverna acorrentados pelos limites da nossa percepção. Do real apenas vemos as sombras, nunca o próprio real."

in Codex 632

terça-feira, maio 11, 2010

Equador


Li a pouco tempo e pela segunda vez este livro de Miguel Sousa Tavares. 
Cativante da primeira à ultima página, este livro consegue fazer-me desligar da realidade, e quando o meu objectivo era ler apenas umas páginas antes de adormecer, dei por mim a pensar, "só mais um bocadinho", uma duas e três vezes, de tal modo que muitas foram as vezes em que fiquei a ler até à exaustão, até o sol começar a espreitar pela persiana entreaberta, despertando-me para a realidade, alturas em que eu me obrigava a adormecer, ansiando pelas próximas páginas que iria ler no dia seguinte. 
Quem já leu o livro decerto que sabe do que estou a falar, quem nunca leu, faça um favor a si próprio, leia-o.
Não caiam no erro de pensar que o livro é como a série televisiva exibida pela TVI. O livro é muito mais do que isso. 
Trata-se da história de um Governador Ultramarino Português e a sua passagem pelas ilhas de S. Tomé e Príncipe, relatando a sua vida amorosa, as suas rivalidades, e o penoso encargo do qual está encarregue no fim do mundo que seriam estas duas ilhas no virar do século XIX.


Sempre tive o vício da leitura, incutido desde cedo pela minha mãe, a leitura é o melhor vício que carrego comigo, no entanto, sou bastante selectivo, e não leio tudo o que me apresentam como bons livros. Assim sendo o facto de ter lido pela segunda vez esta obra mostra o quanto me cativou. Até porque os bons livros devem ser sempre lidos mais do que uma vez, de preferência com bastante espaço de intervalo entre leituras, pois, como descobri, o mesmo livro marca-nos de maneiras diferentes em alturas diferentes. 

Não será o meu livro favorito, mas anda de certeza no "top 10".

E vocês que livro me aconselhariam a ler?